Nos últimos tempos por várias vezes tenho alertado cá em casa "cuidado, que o tempo é curto". Mais do que ser curto, é finito - pelo menos na forma como o conhecemos, de quem nasce e de quem morre. Digo com o amor de quem sabe que se deitam magoados e revoltados acordam. Gastam os dias na discórdia e nos dissabores. Nunca me levam a sério. Vivi pouco afinal para saber que o tempo é curto. Que passa. Que avança. Que corre. Que não tropeça.

Durante dias morreu connosco, num passo demasiado lento para quem sofre. No último dia pediu -nos para ligarmos para o filho, de quem nunca nos tinha falado, para que se pudesse despedir. Estavam zangados há muitos anos e não se viam nem se falavam desde então. O filho respondeu que não viria. E o tempo, tão curto, não esperou para a levar. Morreu naquele dia. 

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