Entrevistei-te para um trabalho de psiquiatria. Contaste-me a tua história, a que nunca contaste aos teus filhos. Guardei-a. É minha e tua. Só nossa. Como tantas outras coisas só nossas. De super-duende para super-vovó. O tempo vai-nos dando sinais de que avança, mas todos nós acreditamos que sentados no sofá da salinha a ver-te bordar ou a ajudar-te a pôr as tijelas de marmelada no parapeito, em múltiplos de 5, porque tens 5 filhos e e uma imensidão de netos, que és para sempre. 
Isto apanhou-nos na curva. Tão na curva que é difícil segurar a direçao ao coração. Cuidaremos de ti, como sempre fizeste connosco. Essa é a única certeza. E agora, anda lá, de cabeça levantada, adianta lá o relógio como sempre fizeste, cavalga este tempo porque que ainda temos muitos morcões para arrancar das pencas antes de as atirarmos para a panela. 

Comentários