Saber ser temporária e saber-me temporária, num lugar ou na vida de alguém, foi, por força das circunstâncias, umas das minhas grandes aprendizagens de Moçambique. Não o aprendi propriamente lá, fui aprendendo cá, a custo, à medida que os meses iam passando e a saudade ia perdendo aquele cheiro confuso, de suor africano mais cheiro a verde e a terra vermelha, e ia ganhando força nos rostos que não se esquecem, nas frases que hão-de ficar para sempre a ecoar cá dentro.

A partir daqui, como anos mais tarde dizia invariavelmente em formações que dei nos mais diversos contextos, foi para mim muito claro que cada missão tinha um antes, um durante e um depois.  Estou, sinto-me verdadeiramente implicada, em cada uma destas fases e sei que em nenhuma estou sozinha - estou com quem já foi e com quem ainda há-de ir. Nunca o senti tanto como em Timor, como com Timor - levantávamos voo de Dili, olhei a Terra de Dom a fugir-me, e foi para mim muito claro que a minha grande missão seria o tal "depois". Estranhei-me, mas fiz por cumprir.

Hoje num pequenino sinal (mas tão delicioso) percebi que estava certa. Que somos temporários, que somos apenas semente, mas que é sempre possível, mesmo longe, regarmos o futuro. Hoje vi uma pontinha do fruto. Fiquei tão feliz. Por eles. Porque os amo demasiado para que esse amor seja apenas temporário. 


Ensinarás a voar ... 
Mas não voarão o teu voo. 
Ensinarás a sonhar ... 
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver... 
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar ...
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar... 
Mas não pensarão como tu. 
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem...
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido!
Madre Teresa de Calcutá

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