"Início de aulas para tantos...
Esta é uma escola pública, frequentada por inúmeras crianças e jovens, que aproveitou o material (já sem condições) de uma escola "privada" ali ao lado por não ter outro equipamento disponível ou o seu ainda estar em piores condições. Difícil de imaginar...
Por cá, pedem-se tantas vezes, listas infindáveis de materiais...
Equilíbrio é o que falta.

Luísa Sousa"


Nesta escola em cima das mesas viam-se excrementos de cabra. Nesta escola as paredes - quando existiam - estavam sujas, cobertas de grafitis, faziam lembrar uma casa abandonada à sua sorte. Nesta escola a porta de chapa já só tinha a parte de cima. Quando se entra nesta escola, se toma um lugar e se tenta imaginar como é aprender ali, não se sente coisas bonitas. 
Nada me custou a não ser isto. Dói pensar que este é o nosso mundo. Não é o deles. É o nosso. Esperei que avançassem no caminho e fiquei para trás. Chorei. Lembrei-me do Ir. António e quase lhe pedi desculpa por estar a chorar e do R. quando me disse em frente de todos que não devia/ merecia ir. Doeu-me tanto a impotência neste dia como quando o Casquinho me disse "Mana, estou faminto" no dia em que comemos Francesinha por ser o aniversário do P. Doeu-me por saber que não me dói quando comparado ao que lhe dói a eles. A eles, aos que ainda assim vão à escola porque querem muito aprender e aos que jogam ao jogo da glória na terra debaixo de um coqueiro mesmo quando têm fome. O nosso mundo é também o deles.

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