Foto: Isabel Saldanha

Quem me conhece, sabe que há algo que me caracteriza: o questionamento constante. De mim e do que me rodeia. Sendo isto ponto assente, sabem também que, em resposta às minhas perguntas, há um conjunto de palavras que despoleta em mim uma ira dificilmente controlável: "porque sim", "porque a vida é assim", "porque tem de ser assim", "porque sempre se fez assim", " porque faz parte", "porque eu é que mando". Não continuo. Se isto é resposta, fico com muitas dúvidas se não andamos a construir a casa na areia. 
Se houve ano em que ouvi destas respostas, foi este. Um ano que serviu para perceber que cada vez mais nos educam para a obtenção de resultados e mais ainda para a visibilidade que conseguimos dar a esses mesmos resultados. Independentemente do seu conteúdo, impacto real, eficácia ou mais-valia. Muito a propósito, alguém me dizia, com muita lógica, com bons argumentos e com vida vivida em mundos de "gente importante", que progressivamente, sem nos apercebermos, estamos a ser trabalhados para nos sabermos vender....e que, inevitavelmente, salvo as exceções, "ganha", "singra", "sobe" quem se sabe vender. Dir-me-ão muitos, como me dizem sempre, "isso sempre foi assim". Não me contenta. E sobra-me sempre a liberdade de questionar "e porquê?", na esperança que seja sinónimo de: "a troco de quê?", "para quê e para quem?".  

Ando com ânsias de autenticidade, como quem procura no sabor amargo do chocolate negro a verdade doce da vida. 

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